“O Projeto é o Rascunho do amanha”

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

2012

O que é 2012? O que pode acontecer por volta deste ano?

Veja aqui várias teorias, desde científicas até espiritualistas e místicas.

Todos são unânimes em dizer que o mundo como o conhecemos pode estar com os dias contados


Conforme o ano de 2012 se aproxima, cientistas, religiosos e místicos do mundo inteiro correm atrás de pistas deixadas por civilizações e profetas do passado explicando como será o fim dos tempos. Em diversas culturas ancestrais o ano de 2012 é marcado nos calendários como o 'Armagedom', o 'apocalipse', o 'fim do mundo', 'o juízo final', 'o fim de um ciclo' e, nos mais otimistas, 'o ano em que esta era terminará e outra, melhor, será iniciada'. Maias, Egípcios, Celtas, Hopis, Nostradamus e diversos profetas, Chineses e Budistas, WebBots, Cientistas e Religiosos das mais diferentes crenças dizem que o mundo como o conhecemos pode estar com os dias contados. Veja a seguir algumas teorias do que poderá ocorrer em 2012, antes ou depois. Algumas teorias possuem base científica, outras são espiritualistas e místicas. Recomenda-se bom senso na leitura!!!
Segundo a cosmologia Maia, o Planeta Terra possui 5 grandes ciclos ou eras, cada um com cerca de 5.125 anos. Para eles, 4 já passaram. "Os 4 ciclos anteriores terminaram em destruição. A profecia maia do juízo final refere-se ao último dia do 5º ciclo, ou seja, 21 de dezembro de 2012." diz Steven Alten. O quinto e atual ciclo também terminará em destruição? O que irá desencadeá-la? A resposta pode estar em um raro fenômeno cósmico que os maias previram a mais de 2.000 anos. "A profecia maia para 2012 baseia-se em um alinhamento astronômico. Em dezembro de 2012, o sol do solstício vai se alinhar com o centro de nossa galáxia. É um raro alinhamento cósmico. Acontece uma vez a cada 26.000 anos" diz John Major Jenkins, autor do livro Maya Cosmogenese 2012.
A cada 26.000 anos o sol se alinha com o centro da Via Láctea. Ao mesmo tempo ocorre outro raro fenômeno astrológico, uma mudança do eixo da terra em relação a esfera celeste. O fenômeno se chama Precessão. A data exata disto tudo é 21 de dezembro de 2012. "A Terra oscila lentamente sobre seu eixo mudando nossa orientação angular em relação a galáxia. Uma precessão completa leva 26.000 anos." diz John Major Jenkins.
Mas o que de fato acontecerá na fatídica data de 21 de dezembro de 2012? Para muitos será o dia da aniquilação da raça humana devido a uma inversão dos pólos da Terra. Como isso seria possível? Devido a distúrbios nos campos magnéticos do Sol que, gerando colossais tormentas solares, afetarão a polaridade de todo o nosso planeta. Resultado: o campo magnético terrestre se inverterá imediatamente, com conseqüências catastróficas para a humanidade. Violentos terremotos demolirão todos os edifícios, alimentando tsunamis colossais e atividade vulcânica intensa. Na verdade, a crosta terrestre deslizará, arremessando continentes a milhares de quilômetros de sua localização atual.
Até já estão sendo desenvolvidos novos mapas da geografia terrestres após as alterações físicas que supostamente ocorrerão. Especula-se que a Europa e a América do Norte sofrerão um deslocamento de milhares de quilômetros em direção ao Norte, e seu clima se tornará polar.
Para a surpresa de muitos, em 2008 apareceu um Crop Circle (círculos nas plantações) indicando a formação planetária em 2012 e talvez querendo nos alertar para algo que ocorrerá em 21/12/2012.
Outros falam que grandes cataclismos serão gerados devido a passagem de um astro/cometa/planeta perto da Terra. Seria o “abominável da desolação” de Jesus, a “abominação desoladora” do profeta Daniel, a “grande estrela ardente com um facho, chamada Absinto” do Apocalipse de João, a “grande estrela“, “o grande rei do terror“, “o monstro” ou “o novo corpo celeste” de Nostradamus, o “astro Intruso” ou “planeta higienizador” de Ramatis, o “planeta chupão” citado por Chico Xavier, ou o “Planeta X” procurado pelos astrônomos, ou o “12º planeta” de Zecharia Sitchin, ou o “Nibiru/ Marduk” dos Sumérios, ou ainda o “Hercólubus” da turma da Gnose.
A edição 148 da Revista UFO, de dezembro de 2008, veiculou extenso artigo sobre o suposto astro Nibiru, intitulado Nibiru: Perigo Iminente, do professor universitário e autor Salvatore De Salvo, consultor da UFO, defendendo sua existência e a iminência de um desastre na Terra quando de sua passagem, esperada para 2012. Embora esta visão catastrófica tenha sido contestada pelo Ufólogo Marco Antonio Petit na edição 151 da Revista UFO, de março de 2009, Salvatore voltou a ratificar o alerta sobre a aproximação de Nibiru num artigo publicado pelo site da Revista Ufo em abril de 2009. No programa Fantástico da Rede Globo de 1 de março de 2009 o tema 2012 e Nibiru foi abordado muito rapidamente. Como se poderia esperar de uma emissóra de TV aberta e destinada a grande massa (povão) infelizmente o tema foi tratado com deboche e visto como um "Hoax" (boato fraudulento), sem que tenha havido qualquer investigação aprofundada por parte da emissora (o site porque2012.com apareceu rapidamente nesta reportagem).
Parece loucura, mas talvez seja verdade que o Sol tenha uma companheira mortal que ameace a vida em nosso planeta. A hipotética companheira do sol foi sugerida pela primeira vez em 1985 por Whitmire e Matese, que a batizaram de Nêmesis, a deusa da vingança. Seria até mesmo possível que esta "estrela da morte" já estivesse presente em algum catálogo estelar, sem que ninguém tivesse notado algo incomum. Entre os defensores da existência de Nêmesis estão geólogos que apostam que a cada 26 ou 30 milhões de anos ocorrem extinções em massa da vida na Terra, paralelamente ao surgimento de uma grande cratera de impacto (ou várias delas). Registros geológicos de fato indicam uma enorme cratera de impacto no mar do Caribe, com 65 milhões de anos, do final do período cretáceo, coincidindo com o fim do reinado dos dinossauros Esse evento teria aberto caminho para que nossos antepassados mamíferos tomassem conta do planeta e nossa própria espécie pudesse evoluir. Um ou mais cometas teria atingido a Terra, argumentam, envolvendo-a numa nuvem de poeira durante meses.
A ideia de um planeta gigante e desconhecido passar perto da Terra ou até mesmo chocar-se pode parecer absurda, mas a ciência indica que temos com o que nos preocupar. Estamos falando de asteróides. Um asteroide (2003 QQ47) de pouco mais de um quilômetro de diâmetro estaria a caminho da Terra e poderia colidir com o planeta em 21 de março de 2014, segundo astrônomos da agência britânica responsável pelo monitoramento de objetos potencialmente perigosos para o planeta. Outro risco seria o asteróide VD17 2004 descoberto em 27 de novembro de 2004, que possui aproximadamente 500 metros de comprimento e um bilhão de toneladas. A Nasa declarou que o VD17 2004 poderia colidir com a Terra no início do próximo século, e com o impacto causaria a liberação de 10 mil megatons de energia (o equivalente à explosão de todas as armas nucleares existentes no planeta) causando a destruição em massa do planeta. O 2004 VD17 é o asteróide com as maiores chances de entrar em colisão com a Terra. As chances de uma colisão com a Terra, em 4 de maio de 2102, foram avaliadas na ocasião como uma possibilidade de uma em 3.000.Novas observações e cálculos complementares aumentaram o risco a "pouco menos de um por 1.000". Outro asteroide que põe medo nos cientistas é o chamado Apophis. Segundo os cientistas, há uma pequena possibilidade dele entrar em rota de colisão com a Terra nas próximas décadas. Recentemente a Nasa disse que não tem condições de detectar e destruir asteróides.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Reggae

Reggae


O reggae surgiu na Jamaica, na década de 60, tendo Bob Marley, cantor e compositor, seu principal ícone. O nome “reggae” foi empregado devido ao som que se faz na guitarra. O "re" seria o movimento pra baixo, e o "gae", o movimento pra cima. O reggae se caracteriza por cortes rítmicos regulares sobre a música e pela bateria, que é tocada no terceiro tempo de cada compasso, em outras palavras, se trata de um ritmo lento e dançante.

Esse estilo musical surgiu baseado no movimento Rastafari. O Rastafari é um movimento religioso jamaicano que dá a Haile Selassie I, imperador da Etiópia, características messiânicas. Toda essa crença, aliada ao uso da maconha e às aspirações políticas e afrocentristas, ganhou adeptos no mundo inteiro devido ao interesse no ritmo do reagge gerado por Bob Marley.

A característica principal da temática do reggae é a crítica social, envolvendo questões sobre desigualdade, preconceito, fome e outros problemas sociais. Além disso, existe a valorização das ervas entorpecentes, pois segundo a visão Rastafari, elas poderiam trazer muitos benefícios à sociedade. Porém, atualmente existem muitas outras visões do reggae que não se restringem à cultura Rastafari, envolvendo outros temas como o amor, sexo, etc.

História do Rock



ROCK


Estilo musical mais popular no mundo ocidental, o Rock ou Rock and Roll surgiu e se firmou no sul dos Estados Unidos durante a década de 50, tendo rapidamente se espalhado por todo o mundo. Embora no início da história do Rock, o instrumento principal fosse o saxofone, hoje em dia os instrumentos musicais mais utilizados são a guitarra elétrica, o baixo, a bateria e o teclado.

Década de 50

O Rock surgiu na década de 50 através da mistura de três gêneros musicais: Blues, Country e Jazz. Assim, surgiu o Classic Rock, uma mistura de vários gêneros musicais. Nesse período do Classic Rock surgiu Elvis Presley, considerado por muitos como o “o rei do rock”.

Década de 60

Tal período foi o mais popular e prolífero do Rock. A combinação do movimento antiguerra e o crescimento do uso de drogas registrado na época originou o pensamento da década. Bandas famosíssimas como Beatles, Rolling Stones, The Doors e Pink Floyd surgiram. Foi neste período que surgiu o famoso lema: “Sexo, drogas e Rock’n’Roll.”

Década de 70

Nesta fase, a “agressividade” do Rock dos anos 60 havia se esfriado um pouco, proporcionando o retorno de um estilo mais direto e primitivo. Foi na década de 70 que surgiu o Punkrock, o conceito do “faça você mesmo” tomou conta do mundo inteiro através das bandas The Ramones, Iggy Pop & The Stooges e Sex Pistols. Além destes, outros lendários grupos musicais surgiram neste período: Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple, KISS e Aerosmith, por exemplo.

Década de 80

Foi marcada pelo peso, atitude e a comercialização. Na questão do peso, surgiu o Heavy Metal, representado por bandas como Iron Maiden e Judas Priest. Além disso, nos anos 80 surgiu o Alternative Rock, gênero musical criado pelas bandas undergrounds que não tinham apoio das grandes gravadoras e que passaram a lançar seus discos de forma independente.

Década de 90

Sem dúvida, foi a época do hard rock, liderado pela banda Guns N'Roses (para se ter uma ideia, o estoque dos discos da banda não duravam nem 24 horas nas lojas). Também foi na década de 90 que surgiu o “grunge”, estilo que tem como características musicais o menor cuidado na polidez do som (grunge tem um significado próximo a "sujo" na língua inglesa) e a criação de letras relacionadas com a depressão e a angústia. Algumas importantes bandas desta fase: U2, Pearl Jam, Nirvana, Foo Fighters, Red Hot Chili Peppers, Dream Theater, Coldplay, Blink-182 e Green Day.

Cenário atual

No início do século atual, o Rock começou a perder grande parte de seu espaço para o Pop. Contudo, uma nova vertente do estilo, a qual relaciona o rock com a diversidade da música surgiu. Assim, se tornou um elemento crucial para os rockeiros do século XXI a aceitação da heterogeneidade e a exaltação de toda a história do rock.

História da Música


Podemos dizer que a “Música” é a arte de combinar os sons e o silêncio. Se pararmos para perceber os sons que estão a nossa volta, concluiremos que a música é parte integrante da nossa vida, ela é nossa criação quando cantamos, batucamos ou ligamos um rádio ou TV. Hoje a música se faz presente em todas as mídias, pois ela é uma linguagem de comunicação universal, é utilizada como forma de “sensibilizar” o outro para uma causa de terceiro, porém esta causa vai variar de acordo com a intenção de quem a pretende, seja ela para vender um produto, ajudar o próximo, para fins religiosos, para protestar, intensificar noticiário, etc.
A música existe e sempre existiu como produção cultural, pois de acordo com estudos científicos, desde que o ser humano começou a se organizar em tribos primitivas pela África, a música era parte integrante do cotidiano dessas pessoas. Acredita-se que a música tenha surgido há 50.000 anos, onde as primeiras manifestações tenham sido feitas no continente africano, expandindo-se pelo mundo com o dispersar da raça humana pelo planeta. A música, ao ser produzida e/ou reproduzida, é influenciada diretamente pela organização sociocultural e econômica local, contando ainda com as características climáticas e o acesso tecnológico que envolvem toda a relação com a linguagem musical. A música possui a capacidade estética de traduzir os sentimentos, atitudes e valores culturais de um povo ou nação. A música é uma linguagem local e global.
Na pré-história o ser humano já produzia uma forma de música que lhe era essencial, pois sua produção cultural constituída de utensílios para serem utilizados no dia-a-dia, não lhe bastava, era na arte que o ser humano encontrava campo fértil para projetar seus desejos, medos, e outras sensações que fugiam a razão. Diferentes fontes arqueológicas, em pinturas, gravuras e esculturas, apresentam imagens de músicos, instrumentos e dançarinos em ação, no entanto não é conhecida a forma como esses instrumentos musicais eram produzidos.
Das grandes civilizações do mundo antigo, foram encontrados vestígios da existência de instrumentos musicais em diferentes formas de documentos. Os sumérios, que tiveram o auge de sua cultura na bacia mesopotâmia a milhares de anos antes de Cristo, utilizavam em sua liturgia, hinos e cantos salmodiados, influenciando as culturas babilônica, caldéia, e judaica, que mais tarde se instalaram naquela região.
A cultura egípcia, por volta de 4.000 anos a.C., alcançou um nível elevado de expressão musical, pois era um território que preservava a agricultura e este costume levava às cerimônias religiosas, onde as pessoas batiam espécies de discos e paus uns contra os outros, utilizavam harpas, percussão, diferentes formas de flautas e também cantavam. Os sacerdotes treinavam os coros para os rituais sagrados nos grandes templos. Era costume militar a utilização de trompetes e tambores nas solenidades oficiais.
Na Ásia, a 3.000 a.C., a música se desenvolvia com expressividade nas culturas chinesa e indiana. Os chineses acreditavam no poder mágico da música, como um espelho fiel da ordem universal. A “cítara” era o instrumento mais utilizado pelos músicos chineses, este era formado por um conjunto de flautas e percussão. A música chinesa utilizava uma escala pentatônica (cinco sons). Já na Índia, por volta de 800 anos a.C., a música era considerada extremamente vital. Possuíam uma música sistematizada em tons e semitons, e não utilizavam notas musicais, cujo sistema denominava-se “ragas”, que permitiam o músico utilizar uma nota e exigia que omitisse outra.
A teoria musical só começou a ser elaborada no século V a.C., na Antiguidade Clássica. São poucas as peças musicais que ainda existem deste período, e a maioria são gregas. Na Grécia a representação musical era feita com letras do alfabeto, formando “tetracordes” (quatro sons) com essas letras. Foram os filósofos gregos que criaram a teoria mais elaborada para a linguagem musical na Antiguidade. Pitágoras acreditava que a música e a matemática formavam a chave para os segredos do mundo, que o universo cantava, justificando a importância da música na dança, na tragédia e nos cultos gregos.
É de conhecimento histórico que os romanos se apropriaram da maioria das teorias e técnicas artísticas gregas e no âmbito da música não é diferente, mas nos deixaram de herança um instrumento denominado “trompete reto”, que eles chamavam de “tuba”. O uso do “hydraulis”, o primeiro órgão cujos tubos eram pressionado pela água, era freqüente.
Hoje é possível dividir a história da música em períodos específicos, principalmente quando pretendemos abordar a história da música ocidental, porém é preciso ficar claro que este processo de fragmentação da história não é tão simples, pois a passagem de um período para o outro é gradual, lento e com sobreposição. Por volta do século V, a igreja católica começava a dominar a Europa, investindo nas “Cruzadas Santas” e outras providências, que mais tarde veio denominar de “Idade das Trevas” (primeiro período da Idade Média) esse seu período de poder.
A Igreja, durante a Idade Média, ditou as regras culturais, sociais e políticas de toda a Europa, com isto interferindo na produção musical daquele momento. A música “monofônica” (que possui uma única linha melódica), sacra ou profana, é a mais antiga que conhecemos, é denominada de “Cantochão”, porém a música utilizada nas cerimônias católicas era o “canto gregoriano”. O canto gregoriano foi criado antes do nascimento de Jesus Cristo, pois ele era cantado nas sinagogas e países do Oriente Médio. Por volta do século VI a Igreja Cristã fez do canto gregoriano elemento essencial para o culto. O nome é uma homenagem ao Papa Gregório I (540-604), que fez uma coleção de peças cantadas e as publicou em dois livros: Antiphonarium e as Graduale Romanum. No século IX começa a se desenvolver o “Organum”, que são as primeiras músicas polifônicas com duas ou mais linhas melódicas. Mais tarde, no século XII, um grupo de compositores da Escola de Notre Dame reelaboraram novas partituras de Organum, tendo chegado até nós os nomes de dois compositores: Léonin e Pérotin. He also began the “Schola Cantorum” that gave great development to the Gregorian chant.
A música renascentista data do século XIV, período em que os artistas pretendiam compor uma música mais universal, buscando se distanciarem das práticas da igreja. Havia um encantamento pela sonoridade polifônica, pela possibilidade de variação melódica. A polifonia valorizava a técnica que era desenvolvida e aperfeiçoada, característica do Renascimento. Neste período, surgem as seguintes músicas vocais profanas: a “frótola”, o “Lied” alemão, o Villancico”, e o “Madrigal” italiano. O “Madrigal” é uma forma de composição que possui uma música para cada frase do texto, usando o contraponto e a imitação.
Os compositores escreviam madrigais em sua própria língua, em vez de usar o latim. O madrigal é para ser cantado por duas, três ou quatro pessoas. Um dos maiores compositores de madrigal elisabetano foi Thomas Weelkes.
Após a música renascentista, no século XVII, surgiu a “Música Barroca” e teve seu esplendor por todo o século XVIII. Era uma música de conteúdo dramático e muito elaborado. Neste período estava surgindo a ópera musical. Na França os principais compositores de ópera eram Lully, que trabalhava para Luis XIV, e Rameau. Na Itália, o compositor “Antonio Vivaldi” chega ao auge com suas obras barrocas, e na Inglaterra, “Haëndel” compõe vários gêneros de música, se dedicando ainda aos “oratórios” com brilhantismo. Na Alemanha, “Johann Sebastian Bach” torna-se o maior representante da música barroca.
A “Música Clássica” é o estilo posterior ao Barroco. O termo “clássico” deriva do latim “classicus”, que significa cidadão da mais alta classe. Este período da música é marcado pelas composições de Haydn, Mozart e Beethoven (em suas composições iniciais). Neste momento surgem diversas novidades, como a orquestra que toma forma e começa a ser valorizada. As composições para instrumentos, pela primeira vez na história da música, passam a ser mais importantes que as compostas para canto, surgindo a “música para piano”. A “Sonata”, que vem do verbo sonare (soar) é uma obra em diversos movimentos para um ou dois instrumentos. A “Sinfonia” significa soar em conjunto, uma espécie de sonata para orquestra. A sinfonia clássica é dividida em movimentos. Os músicos que aperfeiçoaram e enriqueceram a sinfonia clássica foram Haydn e Mozart. O “Concerto” é outra forma de composição surgida no período clássico, ele apresenta uma espécie de luta entre o solo instrumental e a orquestra. No período Clássico da música, os maiores compositores de Óperas foram Gluck e Mozart.
Enquanto os compositores clássicos buscavam um equilíbrio entre a estrutura formal e a expressividade, os compositores do “Romantismo” pretendem maior liberdade da estrutura da forma e de concepção musical, valorizando a intensidade e o vigor da emoção, revelando os pensamentos e sentimentos mais profundos. É neste período que a emoção humana é demonstrada de forma extrema. O Romantismo inicia pela figura de Beethoven e passa por compositores como Chopin, Schumann, Wagner, Verdi, Tchaikovsky, R. Strauss, entre outros. O romantismo rendeu frutos na música, como o “Nacionalismo” musical, estilo pelo qual os compositores buscavam expressar de diversas maneiras os sentimentos de seu povo, estudando a cultura popular de seu país e aproveitando música folclórica em suas composições. A valsa do estilo vienense de Johann Strauss é um típico exemplo da música nacionalista.
O século XX é marcado por uma série de novas tendências e técnicas musicais, no entanto torna-se imprudente rotular criações que ainda encontra-se em curso. Porém algumas tendências e técnicas importantes já se estabeleceram no decorrer do século XX. São elas: Impressionismo, Nacionalismo do século XX, Influências jazzísticas, Politonalidade, Atonalidade, Expressionismo, Pontilhismo, Serialismo, Neoclassicismo, Microtonalidade, Música concreta, Música eletrônica, Serialismo total, e Música Aleatória. Isto sem contar na especificidade de cada cultura. Há também os músicos que criaram um estilo característico e pessoal, não se inserindo em classificações ou rótulos, restando-lhes apenas o adicional “tradicionalista”.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Leser aus Deutschland

Meine liebe Leserinnen und Leser aus Deutschland,

                    Ich möchte an Sie alle, die meinen Blog lesen danken, denn du bist mein größter PUBLIC! Ich möchte Ihnen, dass comment sagen, dass ich sie kenne und die Dinge von Ihnen vorgeschlagenen Beitrag! VIELEN DANK.


                                                                        Der Redakteur und Blogger der antiken Welt.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Egito Antigo II

Egito Antigo

Verdades e mentiras sobre a civilização multimilenar

Terra de tesouros e mistérios. E de maldições para quem ouse profanar os túmulos de reis que viveram há milênios. É essa a imagem do Egito popularizada em filmes de Hollywood como A Múmia e O Retorno da Múmia. Eles são exemplo do fascínio que aquela antiga civilização egípcia ainda desperta no imaginário popular. Com certeza, filmes desse tipo levam muitos jovens a sonhar com a carreira de arqueólogo.
No entanto, o Egito foi bem mais que tumbas. Sua civilização era uma das mais sofisticadas da Antigüidade. Diferentemente do que filmes e documentários podem sugerir, os egípcios não eram um povo fúnebre nem sinistro. Pelo contrário: gostavam de fazer festas (regadas a muita comida e vinho), de cuidar da aparência. E, assim como muitos de nós, acreditavam na vida após a morte.
A história do Egito antigo é enorme: começa por volta de 4500 a.C., quando surgem as primeiras comunidades agrícolas (e olhe que pode ter sido até antes: alguns livros falam em 5000 a.C.), e termina em 641 d.C., quando os árabes conquistaram a região e converteram seus habitantes à religião muçulmana. São mais de cinco milênios, e seria pretensão demais querer contar "tudo sobre o Egito antigo". Por isso, vamos destacar apenas certos aspectos dessa civilização, dando respostas para algumas das perguntas mais comuns.

Quem construiu as pirâmides?

As pirâmides do Egito foram construídas por trabalhadores recrutados entre a própria população, que recebiam alguma forma de pagamento, na forma de alimentos e de peças de cerâmica. Portanto não foram escravos, embora as condições de vida dos homens livres pobres não fossem lá muito melhores que as dos cativos. E, ao contrário do que afirmam livros e documentários sensacionalistas, as pirâmides certamente não foram erguidas por extraterrestres - nenhum arqueólogo que se preze vai dizer que visitantes de outro planeta as construíram.
A propósito: elas serviam para os faraós aproveitarem a vida após a morte. Por isso, achamos ali objetos que pertenciam a uma minoria. No Egito, encontramos muito menos vestígios arqueológicos que mostrem como viviam os pobres, a maioria da população. Isso acontece porque pobre morava em construções mais precárias, que não duravam tanto.

Como foram construídas as pirâmides?

Para erguer uma delas, era necessário o trabalho de milhares de homens ao longo de mais ou menos 25 anos. As estimativas variam, mas as pesquisas mais recentes falam de 10 mil a 40 mil trabalhadores (bem menos que as mais antigas, que mencionavam até 100 mil). Ao construí-las, era necessário investir praticamente todos os recursos do Estado. Blocos de calcário eram extraídos com martelos e outras ferramentas e transportados de barco pelo rio Nilo. Depois, eram arrastados até uma rampa em torno da primeira camada de pedras da pirâmide. Para isso, usavam-se trenós e rolos de feitos de troncos.
Hoje, investir em obras que tivessem comparativamente a mesma magnitude levaria qualquer país à falência. Donde a expressão "obras faraônicas" para indicar coisas construídas com dinheiro público por políticos que gostam de se promover gastando muito mais do que podem.

Como e por que se fazia a mumificação?

Os egípcios acreditavam que preservar o corpo era necessário para o espírito sobreviver após a morte. No início, a mumificação era muito cara, sendo reservada apenas aos faraós e outros nobres. A partir da 18ª dinastia (1570-1304 a.C.), o costume estendeu-se ao resto da população.
Os embalsamadores tinham conhecimentos de anatomia e medicina. O processo era complicado e levava 70 dias:
  • 1) Primeiro, extraíam-se o cérebro, as vísceras e todos os órgãos internos, para colocá-los em quatro vasos.
  • 2) Depois, desidratava-se o corpo com várias resinas (entre elas o natrão, um composto de sódio).
  • 3) Por fim, depois de 40 dias, ele era enfaixado com bandagens embebidas em óleos aromáticos.

O que representa a Esfinge?

Esfinges são criaturas mitológicas com corpo de leão, cabeça de gente e (às vezes) asas de pássaro. São comuns tanto na cultura egípcia quanto na grega. A Esfinge de Gizé, a mais conhecida, é um dos símbolos da realeza egípcia e foi construída por Quéfren, o quarto faraó da 4ª dinastia (2575-2465 a.C.). Hoje sabemos que a Esfinge tem o rosto desse faraó. Ela teria sido construída para ser uma espécie de guardiã.
A Esfinge foi restaurada por um príncipe da 18ª dinastia, o qual teria sonhado que a Esfinge lhe disse que ele se tornaria faraó quando fizesse isso. A areia que a cobria foi retirada, e uma estela (coluna ou placa de pedra com inscrições) foi colocada entre suas patas, para comemorar o sonho e a restauração. Hoje, por causa da erosão, a Esfinge de Gizé está sendo restaurada de novo.
Curiosamente, os árabes conhecem a Esfinge de Gizé pelo nome Abu al-Hawl, que significa "Pai do Terror". O príncipe? Esse virou faraó Tutmés (ou Tutmósis) IV, que reinou em 1401-1391 a.C.

Os antigos egípcios eram negros?

O Egito fica na África, e isso contribuiu para membros da comunidade negra dos EUA afirmarem que os egípcios eram negros. A idéia até foi difundida num clipe de Michael Jackson, para a música "Remember the Time". Mas é tudo confusão com os núbios.
A Núbia se localizava em parte do território dos atuais Egito e Sudão. Os núbios construíram um império, que incluía o famoso Reino de Kush, e tiveram intenso intercâmbio cultural com os egípcios. Também construíram pirâmides, embora não tão grandes quanto as egípcias.
No século 8º a.C., eles invadiram e conquistaram o Egito, iniciando quase um século de domínio. Os reis núbios que então governaram o país são conhecidos como "faraós negros". Já os egípcios, pelo menos em sua maioria, não eram negros, mas brancos de pele morena. No entanto, vale lembrar que houve miscigenação entre egípcios e núbios.

Os faraós eram considerados deuses?

Sim. Os faraós eram tidos como descendentes de Rá ou Aton, o deus-sol. Os egípcios acreditavam que ele tinha sido o primeiro governante do Egito. A própria terra era considerada "filha" de Rá, tendo sido entregue aos cuidados do "irmão", o faraó. Para manterem a "pureza" do sangue real, os faraós casavam com as próprias irmãs.
A suposta origem divina legitimava o poder do monarca. Assim, quem se opusesse ao faraó estaria cometendo sacrilégio, porque agiria contra os próprios deuses. Hoje, vivemos numa sociedade em que governo e religião são coisas separadas. No Egito Antigo, essa distinção causaria estranheza, pois as duas coisas estavam intimamente ligadas: o faraó era autoridade tanto política quanto espiritual, e os templos e sacerdotes se mantinham com o dinheiro dos impostos.

Qual era a religião dos egípcios?

Eles eram politeístas, isto é, acreditavam em vários deuses. Alguns destes eram representados com forma humana, e outros, com corpo de gente e cabeça de bicho. Era comum que um mesmo deus tivesse mais de um nome ou fosse representado com diferentes aparências. Entre as muitas divindades egípcias, podemos destacar:
1) Osíris, herói de muitas lendas, considerado o juiz dos mortos. Foi assassinado por Seth, o deus do mal, mas conseguiu ressuscitar graças à irmã e esposa, Ísis, que tinha pedido ajuda a Anúbis, deus da mumificação e protetor das tumbas. Para alguns estudiosos, a história da morte e ressurreição de Osíris representa o "renascimento" da natureza: no Egito, havia os períodos de seca e de cheia do Nilo (quando as águas invadiam as casas, destruindo quase tudo), mas depois vinham as colheitas.
2) Hórus, filho de Osíris e Ísis. Enquanto Osíris reina sobre os mortos, Hórus reina sobre os vivos. Era representado com corpo de homem e cabeça de falcão.
3) Anúbis, já citado. Tinha corpo de homem e cabeça de chacal, o que é bastante curioso: os chacais são carniceiros, e isso não parece adequado a uma divindade protetora das tumbas.
4) Rá ou Aton: o deus-sol. Em sua homenagem, Amenófis IV (que viveu no século XIV a.C.) adotou o nome Akhenaton ("aquele que serve Aton"). Esse faraó também decretou que Aton fosse o único deus cultuado. Assim, durante seu reinado, a religião passou do politeísmo ao monoteísmo (culto a um único deus). A intenção de Amenófis IV deve ter sido aumentar seu poder pessoal e diminuir o dos sacerdotes, que eram funcionários do Estado. Após a morte desse faraó, o politeísmo foi restabelecido.

É verdade que os gatos eram sagrados no Egito?

Sim. Os gatos estavam associados à deusa Bastet, representada com corpo de mulher e cabeça de gato. Era a protetora das grávidas. Também se acreditava que a deusa garantisse as pessoas contra doenças e demônios.
Pinturas com imagens de gatos são encontradas principalmente em tumbas do chamado Novo Império (o período de 1550 a.C. a 1070 a.C., quando o Egito foi governado pela 18a, 19ª e 20ª dinastia). Eles também são mencionados em vários papiros egípcios, tanto literários quanto místicos. Alguns desses textos alertam os leitores para que tomem cuidado com demônios que assumem a forma de gato.
Uma explicação possível para a adoração aos gatos está no fato de caçarem ratos. Os egípcios dependiam do cultivo do trigo, cujos grãos, armazenados, atraem os roedores. Ao caçarem os ratos, os gatos ajudavam a controlar uma praga que podia comprometer toda a produção agrícola.

Egito Antigo

Egito Antigo

Planície fértil do rio Nilo favoreceu civilização egípcia

Reprodução
Máscara funerária do faraó Tutancâmon (1361 a.C. - 1352 a.C.)
Tema frequente dos meios de comunicação, o Egito é um país geralmente associado a descobertas arqueológicas da era anterior a Cristo. No imaginário do mundo atual, é o país das pirâmides, das múmias, da sedutora rainha Cleópatra e do caudaloso rio Nilo.

De fato, a civilização que se desenvolveu no Egito, numa antiguidade muito remota, é surpreendente no que se refere principalmente a seus aspectos culturais, incluindo-se aí a escrita (os chamados hieróglifos), a pintura, a escultura, a arquitetura e a mitologia.

Porém, para se compreender o desenvolvimento cultural do antigo Egito, é preciso conhecer também as condições sociais e econômicas em que ele ocorreu. Do mesmo modo, é necessário considerar também uma questão geográfica, pois, como disse Heródoto, "o Egito é uma dádiva do Nilo".

Às margens do rio Nilo

Hoje, no início do século 21, o Egito conta com mais de 70 milhões de habitantes, sendo o mais populoso dos países de cultura árabe. E, exatamente como na Antiguidade, a maioria de sua população está concentrada em apenas 4% do território, às margens do rio Nilo.

Por se localizar numa região desértica - o nordeste da África -, o Egito sempre teve a sua vida ligada às águas desse rio e aos seus períodos de cheia, durante os quais o solo das margens é fertilizado, tornando possível o desenvolvimento de uma agricultura capaz de sustentar enormes contingentes populacionais. Por esse motivo, na Antiguidade o Egito era conhecido como o "Celeiro do Oriente".

Nos últimos séculos do 5º milênio a. C., com o processo de desertificação do norte da África e a formação do deserto do Saara, as populações nômades e seminômades da região foram atraídas para as margens do rio Nilo. A ocupação da bacia do Nilo ocorreu a partir da migração sucessiva de tribos vindas das regiões da Líbia (a oeste), da Etiópia (a leste) e da Palestina (no Oriente Médio), que acabaram formando a população egípcia.

Unificação dos reinos do Egito

Essas populações fixaram-se em aldeias agrícolas, que aos poucos formaram pequenas cidades-Estado, chamadas nomos, administradas pelos nomarcas, a primeira elite egípcia.

Como a agricultura era difícil - tanto por causa do deserto, quanto por causa da sazonalidade do rio Nilo -, esses nomos acabaram se unindo com o passar do tempo (não se conhece a data precisa), dando origem a dois reinos: o do Norte (Baixo Egito) e o do Sul (Alto Egito).
De acordo com a tradição, o rei Menés teria unificado ambos os reinos por volta do ano 3.000 a.C., tornando-se o primeiro faraó (título do rei egípcio), ou como se dizia na época "o senhor das duas terras", inaugurando assim a primeira dinastia do Egito.

A unificação garantiu a centralização política e administrativa dos vários nomos egípcios, o que facilitou a organização eficaz do trabalho da sociedade nas obras públicas, para manter o controle das águas e a construção de sistemas de irrigação do solo, garantindo a ampliação da agricultura e da pecuária, levando ao crescimento das cidades.
A partir de então, os nomos passaram a ser unidades administrativas dentro do Egito, englobando várias cidades, e os nomarcas passaram a se subordinar diretamente ao faraó.

A civilização egípcia desenvolveu-se às margens do rio Nilo, ocupando uma faixa de terra cuja largura media entre 10 e 20 quilômetros e que se estendia por cerca de mil quilômetros. Era extremamente dependente do rio, tanto para a manutenção das atividades agrícolas e a pecuária, como para o transporte de mercadorias e comunicação entre as diversas cidades. Tão apropriada era a navegação entre as várias regiões banhadas pelo Nilo, que os egípcios não precisaram construir estradas.

Diques e reservatórios no rio Nilo

O controle das cheias do rio foi condição essencial para o desenvolvimento da civilização na região, pois o seu leito não era suficiente para conter as águas que corriam do interior da África em direção ao mar Mediterrâneo, inundando a região entre julho e setembro. Assim, às margens do Nilo foram construídos diques e reservatórios, a fim de reter as águas que seriam utilizadas - por meio de canais de irrigação - no tempo de escassez das chuvas para a agricultura, a pecuária e o consumo humano.

Com o retorno das águas ao leito do rio (entre dezembro e maio), ficava armazenado nas margens um precioso fertilizante, o húmus, que permitiu o surgimento de uma agricultura de alta produtividade. O húmus, um fertilizante natural de cor escura, era tão essencial aos egípcios, que esse povo chamava sua região de Kemet, "terra negra", em oposição às terras vizinhas, chamadas de Deshret, "terra vermelha", ou seja, o deserto.

Segundo os historiadores G. Moktar e J. Vercoutter, a "experiência logo ensinou os egípcios a desconfiar da inconstância do rio. Para compensar a escassez periódica, era necessário estocar cereais para alimentar a população e - mais importante ainda - garantir quantidade suficiente de sementes para a semeadura seguinte, quaisquer que fossem as circunstâncias.

"Esses estoques de reserva eram fornecidos pelo governo central, graças ao duplo celeiro real, que estocava cereais em armazéns distribuídos por todo o país. Limitando o consumo em períodos de abundância e estocando o máximo possível para se precaver contra cheias insuficientes ou excessivas, o governo central passou a controlar, por assim dizer, a ordem natural e veio a desempenhar um papel muito importante."

Excedente econômico

A alta produtividade agrícola e o controle populacional permitiram que houvesse disponibilidade de recursos e de mão de obra, o que viabilizou a construção das pirâmides e dos palácios, o desenvolvimento do artesanato, da ourivesaria e as guerras de expansão.
Ao contrário do que comumente se pensa, a mão de obra utilizada em tais obras gigantescas era de camponeses livres, não de escravos. Apesar de a escravidão existir no Egito, era em pequena escala. O Estado egípcio submetia a população a uma forma de exploração chamada de "corveia real" ou "servidão real", ou seja, apesar de os trabalhadores serem homens livres, deviam, de tempos em tempos, prestar trabalho gratuito nas obras estatais, como forma de tributo.

A produção agrícola era diversificada: trigo, cevada, ervilha, cebola, linho, tâmaras, diversas árvores frutíferas, além da pecuária (bois, ovelhas, porcos, cabras). Os egípcios desenvolveram também a caça e a pesca: a primeira realizada nos pântanos e no deserto e a segunda praticada no Nilo, nos reservatórios e canais de irrigação.

Artesanato e cultura

O artesanato era muito importante. Utilizaram o linho e o couro de animais, confeccionaram cerâmicas e durante largo tempo não houve separação entre agricultores e artesãos: como o ciclo agrícola era de seis meses (plantio e colheita), o restante do tempo era aproveitado nas atividades artesanais, na construção e conservação dos canais de irrigação e dos reservatórios e na construção das obras públicas.

O papiro era abundante às margens do Nilo. As fibras da planta foram usadas para fazer embarcações, redes e cordas, mas acabaram tendo enorme importância quando utilizadas como matéria-prima para fazer papel. De acordo com o historiador J. Yoyotte, o "cultivo intensivo do papiro provavelmente contribuiu para o desaparecimento dos pântanos - refúgio dos pássaros, crocodilos e hipopótamos que, na opinião dos próprios antigos, davam brilho à paisagem egípcia".

Realizada pelos escribas, a transcrição nos papiros de fatos da história, do dia a dia do governo e das questões religiosas acabou se transformando em importante fonte histórica para a reconstrução da civilização egípcia, depois que os arqueólogos modernos conseguiram decifrar os hieróglifos.

Divisão social do Egito Antigo

Nos 3 mil anos do Egito dos faraós, a estrutura social pouco se alterou. Na base estavam os escravos, quase todos de origem estrangeira e em número reduzido, mas principalmente os camponeses livres, a maioria da população, que viviam nas aldeias e tinham de pagar diversos tributos ao Estado e aos templos.

Havia uma camada intermediária representada pelos artesãos urbanos. A classe dominante era formada pelo faraó - adorado como um deus e exercendo também o poder militar, civil e judiciário - e sua família, pelos sacerdotes, militares e altos funcionários do Estado, dentre eles os escribas e os nomarcas.

De acordo com o filósofo e historiador das religiões Mircea Eliade, para os egípcios a ordem social representava um aspecto da ordem cósmica. Assim, a realeza existiria desde o começo do mundo, pois o "Criador foi o primeiro Rei; ele transmitiu esta função ao filho e sucessor, o primeiro Faraó. Essa delegação consagrou a realeza como instituição divina".

Três impérios

A história política do Egito se divide em três grandes blocos chamados de Impérios, separados por períodos de crise, chamados de Períodos Intermediários.

O primeiro é o Antigo Império, caracterizado pela edificação das grandes pirâmides (as de Guisé), pelo crescimento da produtividade agrícola, pelo desenvolvimento das grandes construções (templos e palácios) e da ciência (matemática, medicina). Apesar da prosperidade, não houve ampliação do território, excetuando-se uma expedição ao sul, que conquistou parte da Núbia, reino que também vivia às margens Nilo.

São desconhecidas as razões que levaram ao fim do poder central por quase 50 anos, mas sabemos que ocorreram períodos de fome, provavelmente vinculados à diminuição das cheias do Nilo. Devem também ter ocorrido revoltas de camponeses contra o pagamento de tributos ao Estado.

Em torno de 2100 a.C., foi restabelecido o poder central: é o período do Médio Império. Ampliou-se a autoridade do Estado, aumentou a produção agrícola e foram construídas diversas obras de irrigação.
Por volta de 1640 a.C., o Egito foi conquistado pelos hicsos - povo de origem asiática -, que permaneceram 90 anos dominando a região. Era um povo guerreiro, hábil no uso de cavalos e do carro de guerra. Os hicsos trouxeram diversas inovações, principalmente no que se refere ao uso do bronze, que era desconhecido dos egípcios.

O período mais importante e mais conhecido do Egito Antigo é o Novo Império (1550-1076 a.C.). Foi o momento da expansão para a Ásia e da conquista da Palestina, Síria e Fenícia, chegando até o rio Eufrates, na Mesopotâmia.

Controlando o corredor sírio-palestino, criou-se um obstáculo às invasões dos povos asiáticos, que usava essa passagem para invadir o Egito pelo istmo de Suez. Isso facilitou o controle das rotas comerciais que passavam pela região e ampliou a cobrança de tributos.

A criação de um império na Ásia levou à formação de um exército permanente, em grande parte formado por mercenários líbios e núbios, e à utilização de novas armas, como a espada e os carros de guerra.

Esplendor e declínio do Império Egípcio

Durante o Novo Império intensificou-se o comércio externo com as ilhas de Creta e Chipre, no mar Mediterrâneo, e com a Fenícia; ampliou-se a máquina burocrática do Estado; e foram edificadas novas pirâmides e palácios, em grande parte com os recursos espoliados dos povos dominados. Somente Thutmés 3º (1469-1436), em uma de suas 17 expedições militares, trouxe como butins de guerra centenas de prisioneiros, 924 carros, 2.238 cavalos, 44 mil cabeças de gado e 200 quilos de ouro.

Os faraós tiveram enormes dificuldades em manter as conquistas na Ásia e o domínio da Núbia. Ocorreram rebeliões dentro do império, pressões nas fronteiras de povos atraídos pela riqueza do Egito e problemas internos devido ao crescimento da população (o aumento do número de habitantes por quilômetro quadrado gerou períodos de fome).

No século 7 a.C., Assurbanipal, rei dos assírios (povo da Mesopotâmia), ocupou o Egito, mas logo foi expulso. A invasão, porém, foi uma demonstração da fraqueza interna do império, apesar das reformas realizadas no Renascimento Saita (séculos 7 a 6 a.C.).

Ainda na Antiguidade, no século 6 a.C., o Egito perdeu a independência. Em 525 a.C., Cambises, imperador da Pérsia, invadiu e ocupou o Egito, que se manteve como satrapia persa por 200 anos. Os persas introduziram o camelo, que se adaptou bem à região e possibilitou o contato mais frequente com os oásis a oeste do rio Nilo.

Em 332 a.C., Alexandre Magno, da Macedônia, que já tinha conquistado a Grécia, a Ásia Menor, a Palestina e a Fenícia, também ocupou o Egito. Vinte e oito anos depois, seus herdeiros deram origem à dinastia dos Ptolomeus ou Período Ptolomaico, que se estendeu até 30 a.C., quando os romanos invadiram e ocuparam o Egito.

O papel da religião

A vida dos egípcios estava marcada pela religião e seus deuses. Segundo a mitologia egípcia, o deus Osíris ensinou a agricultura aos seres humanos, mas acabou traído e morto pelo irmão e rival Seth. Ísis, sua mulher, convenceu os outros deuses a trazer de volta Osíris para a Terra: era ele que julgava os egípcios depois que estes morriam; ouvia a defesa de cada um e, depois de pesar o coração do indivíduo - para saber se estava mentindo ou não -, decidia pela sua inocência ou culpa.

A crença em uma vida após a morte acompanhava o egípcio durante toda a sua existência. Dessa forma, a construção de grandes túmulos, onde estavam acumulados tesouros e objetos de uso pessoal do morto, servia para que, depois da vida, ele mantivesse a mesma condição material.

Segundo o egiptólogo A. Abu Bakr, "a crença no além foi sem dúvida favorecida e influenciada pelas condições geográficas do Egito, onde a aridez do solo e o clima quente asseguravam uma notável conservação dos corpos após a morte, o que deve ter estimulado fortemente a convicção de que a vida continuava no além-túmulo".

O politeísmo da religião egípcia foi brevemente interrompido pela instituição do monoteísmo pelo faraó Amenófis 4º (1380-1362 a.C.), que mudou seu nome para Akenaton e divulgou o culto ao deus Aton. Além de razões religiosas, o faraó também pretendia diminuir os poderes do clero, enriquecido pelo pagamento de tributos, e que exercia enorme influência política.

Akenaton fundou uma nova capital, perseguiu os sacerdotes inimigos de sua reforma, mas não conseguiu obter apoio popular. Após a sua morte foi restabelecido o politeísmo e a capital retornou para Tebas.

Cronologia do Egito Antigo

  • Período Pré-dinástico: 3300 - 3000 (dois reinos)
  • Período Protodinástico: 3000 - 2670 (1ª e 2ª dinastias)
  • Antigo Império: 2670 - 2150 (da 3ª até a 6ª dinastia)
  • I Período Intermediário: 2150 -2100 (desintegração da unidade política)
  • Médio Império: 2100 - 1750 (11ª e 12ª dinastias)
  • II Período Intermediário: 1750 - 1550, sendo que de 1640 até 1550 os hicsos controlaram o Egito (15ª e 16ª dinastias) - reação de Tebas (17ª dinastia)
  • Novo Império: 1550 - 1076 (da 18ª até a 20ª dinastia)
  • III Período Intermediário: 1076 - 712 (da 21ª até a 24ª dinastia) - período do controle núbio sobre o Egito.
  • Época Tardia: 712 - 332 (da 25ª até 30ª dinastia)
  • Período Ptolomaico: de 332 a.C. até 30 d.C.
  • Ditadura

    Ditadura

    A ditadura na Roma antiga e nos dias atuais

    O conceito de ditadura se origina Roma antiga. Em latim, a palavra era "dictatura". Entretanto, o significado moderno do conceito é completamente diferente da instituição que ele designava na Antigüidade. De qualquer modo, uma comparação entre ditadura antiga e moderna pode ajudar a compreender melhor o sentido que o termo adquiriu nos dias de hoje.



    reprodução
    Júlio César

    Para começar, a ditadura romana era uma instituição de caráter extraordinário. Só era ativada em circunstâncias excepcionais, para fazer frente a situações de emergência, como uma crise interna ou uma guerra. O ditador era nomeado por um ou pelos dois cônsules - os chefes do governo romano -, de acordo com o senado e por processos definidos constitucionalmente. Da mesma maneira, também eram definidos os limites de sua atuação.

    Ainda assim, os poderes do ditador eram muito amplos e seus decretos - o que ele "ditava" (e vem daí "ditadura") - tinham o valor de lei. Apesar disso, seus poderes não eram ilimitados: o ditador não podia revogar ou mudar a Constituição, declarar guerra, criar novos impostos para os cidadãos romanos, nem exercer o papel de juiz nos casos de direito civil. Finalmente, a ditadura tinha sua duração explicitamente fixada: não podia durar mais de seis meses.

    Um poder sem limites

    Atualmente, a expressão ditadura serve para designar os regimes de governo não-democráticos ou antidemocráticos, isto é, aqueles onde não há participação popular, ou onde isso ocorre de maneira muito restrita. Nesse sentido, de igual à ditadura romana, ela só apresenta uma coisa: a concentração de poder nas mãos do ditador. Além disso, a ditadura moderna não é autorizada por regras constitucionais: ela se impõe de fato, pela força, subvertendo a ordem política que existia anteriormente.

    Para piorar, a extensão do poder do ditador não está determinado pela Constituição nem sofre qualquer tipo de limites. Sua duração não está prevista de modo algum e pode se estender por décadas. No Brasil, por exemplo, a última ditadura foi de 1964 a 1985. Na Espanha, o general Francisco Franco tomou o governo em 1936 e só o deixou quando morreu, em 1975, numa ditadura que durou cerca de 40 anos. Em Cuba, hoje, o ditador Fidel Castro já completou 46 anos no poder.

    Folha Imagem
    O ditador Fidel Castro


    A ditadura moderna implica, antes de mais nada, a concentração de poder. Em geral, num órgão já existente do Estado (via de regra, o poder Executivo). Estende também o poder além dos limites normais, por exemplo, suspendendo os direitos dos cidadãos. Deixa ainda o poder livre dos freios e dos controles estabelecidos pelas leis. Foi o que aconteceu no Brasil, por exemplo, a partir de 1968, quando o Ato Institucional no. 5, deu imensos poderes ao Executivo, como o de fechar o Legislativo, caso lhe fosse conveniente.

    Por tudo isso, a ditadura moderna tem uma conotação inquestionavelmente negativa. Designa, como já se disse, os regimes não-democráticos ou antidemocráticos. É um contraponto à democracia, na qual o poder se encontra dividido em várias instâncias de poder, equilibrando-se Executivo, Legislativo e Judiciário. Num regime democrático, a transmissão da autoridade política é feita de baixo para cima, através da manifestação popular, via eleições. Na ditadura, além da concentração do poder numa instância exclusiva, a transmissão da autoridade política ocorre de cima para baixo, a partir da decisão do ditador ou dos ditadores.

    Conservadores e revolucionários

    Nos dias de hoje, quanto às finalidades com que são instaladas, podem-se distinguir dois tipos de ditadura: 1) as conservadoras, cuja finalidade é defender o satus quo dos perigos de uma mudança. Esse foi o caso das várias ditaduras militares que se estabeleceram na América Latina nos anos 1960 e 70: Argentina, Brasil, Chile, Uruguai... 2) as revolucionárias, que visam abater ou minar, de forma radical, a velha ordem político-social e introduzir uma ordem nova, como foi o governo instaurado pela Convenção Nacional francesa, em 1793, que pôs fim à monarquia, ou ainda o próprio governo cubano, depois de 1959, que instaurou o socialismo no país.

    Entretanto, existem outros termos usados para denominar regimes não-democráticos. Dentre eles, os mais importantes são despotismo, absolutismo, tirania, autocracia e autoritarismo. No vocabulário comum e mesmo no vocabulário político do dia-a-dia, esses termos são freqüentemente usados como sinônimos. Na filosofia política, porém, podem-se estabelecer distinções entre eles.

    Despotismo

    Despotismo, num primeiro sentido, refere-se ao despotismo oriental, da Antigüidade. Tratava-se do governo monocrático (monos = um só), típico da Ásia e da África e que era oposto à democracia grega. O filósofo Aristóteles o chamava de despótico, comparando-o ao poder que o patrão (em grego, despotes) exerce sobre o escravo.

    Na Idade Moderna, o pensador francês Montesquieu (1689-1755) retomou o conceito, definindo-o como o governo no qual "um, sozinho, sem leis nem freios, arrasta tudo e todos no sabor de suas vontades e de seus caprichos". Na Europa dos séculos 17 e 18, despotismo serviu para designar os regimes de monarquia absolutista, que poderia ser considerado bom ou mal, de acordo com a maneira com que o monarca exerce o poder.

    É nesse sentido que se fala em despotismo esclarecido, no século 18, quando o monarca, embora detenha o poder absoluto, é "instruído por sábios conselheiros sobre a existência das verdadeiras leis, gozando da plenitude de seus poderes para aplicá-las e promover, agindo assim, o bem estar e a felicidade de seus súditos".

    Tanto o despotismo quanto o absolutismo são conceitos que se aplicam a monarquias hereditárias, consideradas legítimas pelos súditos, que integram uma sociedade tradicional. Nela, a participação política da grande maioria da população é nula. A monarquia é vista como a única forma de governo possível, por ter as suas raízes no passado mitológico ou na origem divina.

    Tirania e autocracia

    Tirania era o governo de exceção na Grécia antiga. Assemelhava-se à ditadura moderna, pois nasciam das crises e da desagregação da democracia ou de algum regime político tradicional. O tirano não era um monarca legítimo, mas o chefe de alguma fração política, que impunha pela força o próprio poder a todos os outros partidos. Da mesma forma que os ditadores modernos, os tiranos exerciam um poder arbitrário e ilimitado, recorrendo às armas.

    Ao contrário dos outros termos examinados, autocracia não tem uma conotação histórica precisa. É um termo abstrato que se usa com dois significados principais: um particular e um geral. No particular, ele denota um grau máximo de absolutismo. Uma autocracia é um governo absoluto que detém um poder ilimitado sobre seus súditos. Sob este ponto de vista, um monarca absoluto é um autocrata, mas ele pode não sê-lo, quando divide o poder alguns colaboradores que tenham condições de limitar sua vontade.

    Em seu significado geral, o termo autocracia foi usado por alguns teóricos da política e do direito para designar todo tipo de governo antidemocrático ou não-democrático. Mas, nessa acepção, a palavra não obteve sucesso, nem na linguagem popular nem na linguagem técnica da filosofia ou da ciência política.

    Autoritarismo

    Autoritarismo também é um termo usado para designar todos os regimes que se contrapõem ao democrático. Por outro lado, modernamente, o significado é mais restrito e designa governos fortes que, porém, não chegam a constituir uma ditadura, pois possuem um grau relativamente moderado de mobilização popular e de participação política da sociedade. É o caso do governo de Hugo Chávez na Venezuela contemporânea, onde a oposição ao governo é severamente controlada.



    Folha Imagem
    A suástica nazista

    Mas o autoritarismo deve ser diferenciado do totalitarismo. Este é o grau máximo de absolutismo nos regimes ditatoriais modernos, em que o Estado exerce total controle da vida dos cidadãos. Eles ocorreram em sistemas como o da Alemanha nazista, sob Hitler, e o da Rússia comunista, sob Stálin, em que a propaganda chegava a convencer o cidadão de que ele existia não para seu próprio benefício, mas para benefício do Estado. O resultado dessas duas ditaduras pode ser medido pelas cerca de 30 milhões de mortes que provocaram ao longo de aproximadamente duas décadas.

    Bolchevismo

    Bolchevismo

    Bolcheviques, mencheviques, Lênin e a Rússia pré-revolucão

    O termo bolchevismo é de origem russa e significa, literalmente, maioria (em russo, bolscinstvó). Serviu para designar a corrente política e a linha organizacional idealizada e imposta pelo líder revolucionário Vladimir Lênin ao Partido Operário Social-Democrático da Rússia (POSDR).

    Fundado em 1898, o POSDR foi um partido revolucionário de orientação marxista, que conseguiu integrar aos seus quadros vários líderes operários pertencentes a associações e clubes de trabalhadores urbanos. A criação do POSDR está associada à significativa expansão da industrialização e das ondas de agitações operárias que atingiram a Rússia czarista no final do século 19.

    Líderes do POSDR esforçaram-se para convencer as demais correntes políticas revolucionárias atuantes na Rússia (social-democratas, populistas e marxistas, entre outras) de que o capitalismo industrial tinha atingido a fase que predispunha a classe operária a desempenhar o papel que lhe fora atribuído pela teoria marxista, de agentes revolucionários, cujo objetivo era a construção de uma nova ordem social: o socialismo.

    Bolcheviques, mencheviques e o Congresso de 1903

    No Congresso de 1903, realizado em Londres, as divergências entre as principais lideranças do POSDR aprofundaram-se, gerando uma cisão entre os social-democratas. Inicialmente, houve consenso entre os delegados presentes em torno do programa político geral e as finalidades do partido, que previa a revolução e a conquista do poder pelo proletariado.

    No que se refere à organização e estrutura partidária, porém, surgiram divergências inconciliáveis entre dois líderes influentes: Lênin e Martov. Lênin defendeu uma fórmula bastante rígida de partido revolucionário, que em sua concepção deveria ser formado unicamente por militantes profissionais, ou seja, por membros que deveriam se dedicar exclusivamente ao trabalho partidário (em tempo integral).

    Para Lênin, portanto, o partido deveria ser uma organização homogênea, altamente disciplinada e centralizada, que serviria como vanguarda (ou grupo dirigente) do movimento revolucionário. Por outro lado, Martov se opôs à fórmula leninista e defendeu que o partido revolucionário deveria estar aberto à integração de membros, que poderiam ser simpatizantes, colaboradores ou militantes. A proposta de Martov saiu-se vencedora, com 28 votos, contra 22 e uma abstenção.

    Depois dessa votação ocorreu outra, que serviu para a formação do comitê de redação da publicação partidária "Iskra" e também para o comitê central do partido. Os Lêninistas venceram essa segunda votação formalizando a divisão das duas correntes social-democratas: os bolcheviques (maioria) e os mencheviques (minoria).

    Os bolcheviques adotaram o modelo de organização partidária preconizada por Lênin. Do período que vai do Congresso de 1903 até a Revolução de Outubro de 1917, o Partido Bolchevique foi formado majoritariamente por intelectuais e pequeno-burgueses e atuou na clandestinidade.

    Surgimento dos sovietes

    Em 1905, a Rússia czarista foi abalada por várias insurreições de trabalhadores urbanos. O Estado czarista, porém, conseguiu resistir, mas o episódio entrou para a história como a revolução de 1905. A revolução abortada de 1905 rompeu no cenário político da Rússia a partir de um novo tipo de organização: os sovietes.

    Os sovietes, também denominados "conselhos de trabalhadores", eram organizações formadas por delegados ou representantes de operários ou camponeses. Surgiram por iniciativa e criatividade dos próprios trabalhadores urbanos e rurais, que se organizaram autonomamente no núcleo fabril ou no âmbito da aldeia.

    Bolcheviques e mencheviques não tiveram participação ativa na revolta de 1905, pois ela brotou da ação espontânea das massas populares. Na verdade, as duas correntes políticas se surpreenderam com a capacidade organizacional e a iniciativa dos trabalhadores.

    O surgimento dos sovietes recolocou em discussão as teses dos bolcheviques (que não acreditavam na força e na capacidade de organização autônoma dos trabalhadores sem o auxílio de uma organização partidária de vanguarda) e dos mencheviques (que não acreditavam na possibilidade de luta política revolucionária devido ao atraso econômico da Rússia).

    Programa de ação revolucionário

    Em 1906, as duas correntes tentaram a reunificação, convocando um novo Congresso. No entanto, ambas as correntes suspenderam o processo de reunificação devido ao surgimento de novas divergências diante da abertura política efetivada pelo Estado czarista, com a legalização dos sindicatos trabalhistas.

    Os mencheviques defendiam a atuação dentro da legalidade, participando das eleições para as instituições representativas. Os bolcheviques mantiveram a atuação clandestina e o programa de ação revolucionário.

    Após a revolução abortada de 1905, o Estado czarista tentou em vão aplicar as reformas institucionais que possibilitariam a criação de novas instituições parlamentares. Essas instituições serviriam para a integração das classes populares e da pequena burguesia no sistema político russo.

    Bolcheviques e o fim do aparelho czarista

    O fracasso das reformas institucionais se deveu preponderantemente à resistência oferecida pela aristocracia czarista que dominava o Estado imperial russo. Nessa conjuntura, inúmeras revoltas e rebeliões sociais eclodiram pelo país, enquanto as lutas dos trabalhadores operários e camponeses se radicalizaram.

    A Rússia pré-revolucionária presenciou uma sucessão de governos provisórios que agrupavam diversas e divergentes correntes políticas, como os liberais, os socialistas revolucionários e os mencheviques. A situação agravou-se ainda mais com o ingresso da Rússia na Primeira Guerra Mundial.

    Os bolcheviques se apoiaram nos sovietes e puderam canalizar e dirigir a revolta das massas populares e o crescente descontentamento dos militares. Os bolcheviques saíram-se vitoriosos devido à dissolução do aparelho estatal czarista e a fraqueza das outras forças sociais e políticas que defendiam propostas reformistas.